B4, além de ser advérbio de tempo da língua inglesa, é o nome de um lounge na rua Amaury, onde todos se reúnem para os drinks e o fabuloso pré-balada da noite paulistana. Drinks e sinuca, com o requinte que a região pede. Como diriam minhas amigas, um lugar hype.
Era quinta-feira e chegamos cedo, porque tinhamos reservado uma mesa. Saltos atos, maquiagens e cabelos caprichados, entramos no ambiente ainda vazio. As paredes estavam cobertas com um papel com aqueles padrões de corte-francesa em cinza chumbo, fundo branco, móveis azul petróleo e branco. Tudo ornamentado e milimetrica e esteticamente combinado. Ao fundo das garrafas, atrás do bar, a imagem de caveiras coloridas destoava levemente do conjunto, lembrando que aquele era um local para o requinte do moderno-kitsch.
Lá pelas tantas, 11 horas, as mesas estavam lotadas. Dois casais mais velhos passeavam pelo local e se entretinham com suas histórias. Um dos homens, que devia ter uns 60 anos, olha de relance para a mesa de modelos, no auge da sua magreza escultural e de seus 16 anos. Eram muitas e andavam sempre em bando. Flagrei até o small talk de banheiro delas.
O grupo formado por colegas de empresa e duas estrangeiras, certamente num clima happy hour, terminava de jogar sinuca e deixava livre a mesa, para dois casais jovens degladiarem-se na arena de feltro verde.
Uma festa de anivesário acontecia ao fundo. Disputando lugar com as modelos, as meninas usavam seus melhores e mais curtos vestidos, com saltos altíssimos. A silhueta em destaque é para quem pode.
E nós, quatro mulheres absolutamente alheias a tudo isso, falávamos besteira como se estivéssemos em um boteco da Vila Madalena, bebendo chop de calça jeans e all star, sentadas com as pernas cruzadas. A música alta disfarçava a nossa clandestinidade, em prol da nossa liberdade de expressão...
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