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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cafés, docinhos e muito mais...

Resolvi ousar nos menus dos almoços de casa, com a ajuda da cozinheira que trabalha a aqui duas vezes por semana. A primeira inovação seria cozinhar carne de coelho, mas como eu estava na Casa London, um açougue-café-delicatessen perto de casa, achei que era bom trazer também uns cortes de carneiro.

A Casa London é mais conhecida como açougue, mas hoje em dia eles tem um mini-mercado, com frutas e frios, além de uma bela padaria e doceria. Eles servem diarimente almoço executivo e, nos finais de semana, buffet de café da manhã e almoço com direito à cortes de carne, frango e linguiça feitos na churrasqueira. Durante o inverno, eles servem buffet de sopas no final da tarde, uma delícia para quem quiser sentar e apreciar os mais diferentes tipos de cerveja. Uma grande vantagem para quem decidir passar o final de semana em casa, tranquilo, sem pisar na cozinha é que todos os pratos podem ser entregues em casa ou comprados para levar.

O gostoso do lugar é o convívio de bairro, parece que a gente conhece todo mundo quando vai até lá. O garçom cumprimenta, capricha. A dona passa na mesa e faz um ou outro comentário. O dono da pizzaria do final da rua passa para almoçar e ver alguns amigos. O pessoal do prédio vem tomar café com os avôs. Bem bairrista, bem informal.

As carnes foram maravilhosamente temperadas e cozidas. Às vezes eu ouso pouco na cozinha, preciso lembrar de fazer dessas estripulias mais vezes. Coelho, para minha surpresa, é uma carne magra e saborosa.

A Noite da Lions

Estava relendo o texto anteriormente postado e vi que eu falei de revitalização do centro e da ida ao Lions Club, mas só. O lugar em si passou despercebido, o que nunca aconteceria caso o leitor tentasse entrar especificamente nesta casa.

A entrada da Lions é uma daquelas portas de ferro de prédio antigo, com dois seguranças na porta. Carros dos mais variados estilos chegam ao vallet, desde Mercedes ou BMW até mesmo carros mais populares, motos e taxis. As pessoas estão confortavelmente vestidas da forma que se sentem mais confortáveis. As mulheres usavam calças jeans e saltos altos; vestidos e coturnos; saias e all stars. Os homens, camisas, polos, camisetas, mocassins ou congas.

Uma pequena fila, na hora de abertura. Seguimos pelo corredor e entramos no lobby cinza pontilhado, daquele tipo bem antigo mesmo. Um lance de escada e damos com o balcão de atendimento, mais um e estamos dentro de um salão escurecido, com veludos e cortinas, sofás e puffs. Tudo em tons escuros de preto, dourado e vermelho, lembrando um pouco o ar despretencioso e phino do Subastor. Um bar enorme esconde uma pista com mais três sofás semi-circulares de couro preto e a cabine do dj.

Duas coisas fazem da Lions um bom local para aproveitar qualquer tipo de música ou festa: a sala que dá a impressão que o ambiente todo virou 3D e a varanda. A sala, para entender o que estou falando, só mesmo indo. Mas, a varanda... Aberta, dando diretamente para o vale da 23 de maio, com o skyline do centro e da catedral da Sé são de deixar qualquer um extasiado, ainda mais se estiver em boa companhia. A meia-luz é conseguida perfeitamente, com a ajuda da iluminação pública do vale.

Pequenos luxos e detalhes fazem toda a diferença na ambientação de qualquer casa. Mas, melhor mesmo, é estar com pessoas que animam a sua noite e acompanham o seu ritmo. Amigos, sempre.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Revitalização do centro perpassa o ramo das casas noturnas

Para manter um pouco a pose de antenadinha, resolvi levar minhas amigas para a festa de rock clássico, groove, funk e soul (todas tendências musicais relacionadas ao mundo do rock) que estava sendo inaugurada na Lions Club. A vontade de ir a Lions já existia de muito tempo, desde que descobri que ela era uma das baladas que estava seguindo a tendência de revitalizar o centro de São Paulo e repovoar as noites com um pessoal descolado, bonito, papo gostoso.

O site mostra algumas fotos do lugar, mas nada como entrar naquela sacada que fica ali no cruzamento da 23 de maio com a Brigadeiro Luis Antônio. Um skyline do centro de São Paulo daqueles de dar inveja, com a abóbada da Catedral da Sé entre as árvores da praça e os antigos prédios do centrão.

Segundo uma amiga minha, saiu em alguma publicação (esqueci qual) que o lugar era bonito para quem olhava para cima, mas quando a gente olhava para baixo a dura realidade do centro, como um local povoado por sem-teto, mendigos, junkies e marginais, te estapeava a cara. A observação, além de preconceituosa, desconsidera o princípio por trás de reformar um prédio antigo para fazer uma casa noturna phyna e bem frequentada. O incentivo dado pela prefeitura pode parecer um grande atrativo econômico, mas a partir do momento em que um projeto é apresentado, há uma espécie de concordância em torno de um mesmo propósito: vamos repovoar, desmistificar, mostrar a beleza desse lugar.

Um projeto de revitalização urbana depende da participação de toda a sociedade civil e demanda tempo para ser concretizado. Aos poucos, espera-se que outras ações ocorram paralelamente, como a reforma de escolas, dos prédios caindo aos pedaços e a construção de centros de reabilitação ou casas de apoio às famílias e às pessoas que moram naquelas ruas.

Uma outra faceta da realidade é que, a partir do momento em que a classe média e a elite paulistana começam a frequentar tais locais, há uma espécie de pressão social para que o entorno mude e se adapte aos seus padrões estéticos e comunitários.

sábado, 17 de abril de 2010

Fabricando castelos de areia

Quando eu era pequena, uma das grandes atrações da praia era fabricar enormes castelos de areia, com múltiplos pingos molhados que iam formando pontes, torres. Fazia parte daquele imaginário infantil inventar histórias de lindos príncipes, rainhas, reis e princesas (eu sempre era uma delas).

Outro dia, estava fazendo uma espécie de planejamento de vida. Estou começando a pensar aonde quero estar daqui a um ano, dois, três e o que tenho que fazer para que tudo seja concretizado. Precisei de um guardanapo de bar, uma caneta BIC e nada mais. No fim, o texto produzido não foi mais do que um grande castelo de areia, com torres, pontes, donzelas em apuros e grandes soluções imaginativas. Daqui a pouco a maré sobe, destruindo uma parte do castelo. No dia seguinte, o que era castelo virou areia e a gente começa tudo de novo, com a mesma empolgação infantil de quem quer reinventar a roda.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas

Estava saindo do ensino fundamental quando uma professora de História escreveu uma carta de despedida para todos os alunos falando da importância que "Alice no País das Maravilhas" tinha na sua vida. Era, naquela época, um presente dela para simbolizar o nosso rito de passagem, as nossas confusões e angustias, os tormentos de crescer e mudar estilos de vida, adquirir mais responsabilidades e começar a entrar na vida adulta.

Acho que éramos todos Alices que oscilavam de tamanho: às vezes altos demais, às vezes pequenos; grandes demais para uma casa ou pequenos demais para alcançar a chave que abriria a porta. Em certas ocasiões tínhamos uma maturidade impressionável, em outras paralizávamos por medo das mudanças e tínhamos , ainda, aquela vontade de sentar e chorar. Mas a gente descobre na marra que, depois de tanto choro, temos que atravessar a vale das lágrimas para chegar em terra firme.

Os choros passam, fica a vontade de conhecer o mundo, conversar com as pessoas e passar pelas mais diferentes situações. Em busca da experiência, do conhecimento e, lá no fundo, por nós mesmos. A vontade de alcançar a chave e abrir a porta.

Fiquei com a sensação de que, por mais que seja uma história infantil, ela retrata muito mais do que o rito de passagem entre adolescência e vida adulta. Estão incluídos os pequenos ritos de passagem e as decisões de vida: casar ou separar, aplicar na bolsa ou fazer uma poupança, comprar uma casa ou um apartamento, ter filho ou adotar, trocar de emprego ou ficar. Talvez a busca por si mesmo seja uma constante, não algo pontual de um momento específico da vida, mas daquelas coisas que nos remetem ao que a gente quer, gosta, faz, e é e às mudanças que essas coisas sofrem com o passar dos anos. Uma busca associada ao questionamento desse mundo e a relação que estabelecemos com ele, com os outros e com nós mesmos, nem que seja para um dia acordarmos de um sonho e vermos que a diferença entre realidade e mistério, verdade e ficção não faz mais sentido.

Fiquei com gostinho de quero mais, quero logo o filme do Tim Burton.

ps: O pior é que eu tinha escrito um texto mais bonito, caiu a internet e eu não tinha salvo aquela versão ainda. Ela perdeu-se no mundo virtual.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Feriadão na praia

Feriado na praia, entre amigos, com cerveja e churrasco é um clássico de verão, primavera e até mesmo outono. Por mais que uma chuvinha dê as caras, sempre fica um gostinho de quero mais. Quero mais sossego, mais brincadeiras, mais conversas, mais tequilas, mais!

Quando o grupo conta com a participação de um violonista ou músico qualquer, que toma as rédeas da situação e começa a cantar, a gente vai entrando noite adentro com aquele sonzinho gostoso, as risadas, as brincadeiras e jogos da verdade, eu nunca, ou qualquer coisa assim. Todo mundo se solta e se conhece melhor, um pouquinho mais. Embora tivesse gente na roda que talvez me conheça melhor que eu mesma...

Por falar em jogo da verdade, sempre tem um bocudo que se sente mais exposto que o restante. Eu, por incrível que pareça, consigo ficar de fora do spotlight e deixar outros bocudos entrarem na roda. Por exemplo, ouvir o italiano confessar que usava zuchinni na intimidade foi surreal. Ou mesmo me surpreender com o quanto as pessoas escondem atrás de suas carinhas de anjo e posições políticas mais conservadoras impossíveis. Será que a gente olha para elas só no estereótipo e não consegue ver quem elas são de verdade? Talvez... Contanto que a surpresa tenha sabor de quero mais, de quero te conhecer de verdade, que mal tem?

C'est la vie e a gente aproveita cada minuto, quando está entre novos e velhos amigos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Para sempre serei seu fã!

"O amor nos tempos do cólera", de Gabriel Garcia Marques, e "O planalto e a estepe", de Pepetela tem em comum personagens masculinos na espera ou busca pela realização de um amor juvenil antigo. Apesar da passagem do tempo e das inúmeras experiências sexuais e emocionais paliativas que fazem parte dessa espera pelo amor verdadeiro, o romance e a sensualidade transbordam quando os casais se reencontram.

No caso de "O amor no tempos do cólera", Florentino Ariza precisa declarar-se e conquistar do amor de Fermina Daza, tornando-se primeiramente seu amigo e confidente. Separados na juventude pelo casamento de Fermina com o médico Juvenal Urbino, Florentino passou o resto de sua vida tendo casos frívolos e amores temporários, todos registrados em seu livro de recordações. Com a morte do médico, Florentino reconquista paulatinamente Fermina.

Em "O planalto e a estepe", Júlio é um jovem revolucionário enviado para estudar na Rússia comunista, a fim de assumir um posto de comando do partido revolucionário de independência de Angola. Sarangerel é uma jovem mongol que também busca um diploma universitário no país comunista. Em meio à toda a propagando internacionalista do comunismo, ambos se apaixonam. Separados por motivos políticos, quase 30 anos depois,  cabe a Júlio buscar reencontrar com seu grande amor e reconquistá-la. Um romance que discute as ideologias e utopias, práticas e discursos, que informam uma vida em sociedade e podem alterar uma vida a dois.
 
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