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terça-feira, 13 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas

Estava saindo do ensino fundamental quando uma professora de História escreveu uma carta de despedida para todos os alunos falando da importância que "Alice no País das Maravilhas" tinha na sua vida. Era, naquela época, um presente dela para simbolizar o nosso rito de passagem, as nossas confusões e angustias, os tormentos de crescer e mudar estilos de vida, adquirir mais responsabilidades e começar a entrar na vida adulta.

Acho que éramos todos Alices que oscilavam de tamanho: às vezes altos demais, às vezes pequenos; grandes demais para uma casa ou pequenos demais para alcançar a chave que abriria a porta. Em certas ocasiões tínhamos uma maturidade impressionável, em outras paralizávamos por medo das mudanças e tínhamos , ainda, aquela vontade de sentar e chorar. Mas a gente descobre na marra que, depois de tanto choro, temos que atravessar a vale das lágrimas para chegar em terra firme.

Os choros passam, fica a vontade de conhecer o mundo, conversar com as pessoas e passar pelas mais diferentes situações. Em busca da experiência, do conhecimento e, lá no fundo, por nós mesmos. A vontade de alcançar a chave e abrir a porta.

Fiquei com a sensação de que, por mais que seja uma história infantil, ela retrata muito mais do que o rito de passagem entre adolescência e vida adulta. Estão incluídos os pequenos ritos de passagem e as decisões de vida: casar ou separar, aplicar na bolsa ou fazer uma poupança, comprar uma casa ou um apartamento, ter filho ou adotar, trocar de emprego ou ficar. Talvez a busca por si mesmo seja uma constante, não algo pontual de um momento específico da vida, mas daquelas coisas que nos remetem ao que a gente quer, gosta, faz, e é e às mudanças que essas coisas sofrem com o passar dos anos. Uma busca associada ao questionamento desse mundo e a relação que estabelecemos com ele, com os outros e com nós mesmos, nem que seja para um dia acordarmos de um sonho e vermos que a diferença entre realidade e mistério, verdade e ficção não faz mais sentido.

Fiquei com gostinho de quero mais, quero logo o filme do Tim Burton.

ps: O pior é que eu tinha escrito um texto mais bonito, caiu a internet e eu não tinha salvo aquela versão ainda. Ela perdeu-se no mundo virtual.

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