Com essa secura sahaariana na nossa metrópole, as pessoas estão à cata de umidificadores de ar, baldes de água e toalhas úmidas para refrescar o ambiente. Para quem não quer abrir mão da estética, existem modelos diferentes:
Não foi propriamente a violência física que me leva a escrever uma denúncia sobre maus-tratos. Essa é, verdadeiramente, uma denúncia banal. Outro dia, estava almoçando com meu namorado no restaurante Thai Gardens quando os pratos do buffet começaram a desaparecer das nossas vistas, enquanto ainda estávamos almoçando. Eram 4:15 da tarde, o restaurante deveria fechar às 5. Éramos os únicos no lugar, mas gostaríamos de ter tido a oportunidade de ficar o tempo que quiséssemos. Pedimos a conta e saímos de lá o mais rápido possível, maldizendo a quinta geração do dono e do gerente. Da próxima vez, melhor mesmo era nem abrir o restaurante, já que a pressa de fechar é tanta.
Como a violência tem sido um tema recorrente entre pensamentos e acontecimentos, fiquei com a noção de que o mundo anda obscuro. Ontem mesmo, ouvia no rádio Renata Simões (acho que era ela) fazendo um discurso fervoroso contra a falta de educação. Desde cutucar nariz no carro até fechar a rua porque a necessidade de andar 15 cm é imperiosa. Gostaria de adicionar à essa lista de desarranjos sociais o total desrespeito ao consumidor, apenas para deixar claro que a falta de educação não está só concentrada no trânsito, mas em outros aspectos da vida e que ela continua sendo um grande entrave na nossa sociedade.
ps: O pessimismo aqui retratado expira agora, em nome da crença nas pequenas transformações sociais, nas mudanças e na realização de que reclamar, somente, não leva a nada. (Será? - Uma voz machadiana anda me rondando).
Uma das minhas lembranças das aulas de jornalismo era a discussão sobre a violência e o discurso de que a classe média considerava a segurança um dos maiores problemas do país porque via seu quintal sendo invadido, não necessariamente porque entendia as razões sociais ou os direitos dos cidadãos brasileiros como um todo. Ou seja, partia-se da assepção individualista e burguesa de que aquilo que se possui deveria ser mantido a duras penas, porque o importante da sociedade capitalista é a manutenção da propriedade privada e não necessariamente a igualdade de direitos.
Pois bem, essa semana houve uma tentativa de assalto, a mão armada, na casa em frente à minha. Os assaltantes renderam a empregada e entraram na casa. Foram interrompidos pela chegada de uma viatura da guarda civil metropolitana, que passava na rua para averiguar a denúncia de que os moradores da rua podavam ilegalmente suas árvores. Ao perceber a presença dos policiais nas redondezas, os assaltantes acharam que eles estavam a sua procura e começaram a atirar. Um policial ficou ferido e os assaltantes fugiram.
Eu estava fora de casa quando recebi uma ligação da moça que trabalha em casa, relatando o ocorrido. Fiquei imaginando o quão stressante deve ter sido para ela ouvir todos os tiros e gritos, sem saber exatamente o que estava acontecendo na rua e temendo por sua vida. Quando cheguei em casa, tudo o que eu conseguia pensar era que tinha sido muita sorte eu estar fora e a casa da vizinha ter sido o alvo. É o terceiro caso de roubo ou furto de que tenho conhecimento nas útimas duas semanas, acontecido na minha rua.
Não que agora eu esteja achando que a segurança é o maior problema do Brasil e que devemos criar um ministério novo para tratar de questões de segurança. Mas que os últimos eventos nos fazem refletir sobre a violência real e a virtual, aquela que priva cidadãos dos seus direitos e mantém uma sociedade desigual, é fato.
Eis que eu me encontro relendo Machado de Assis. Sendo senso-comum a importância do escritor para a Literatura Brasileira, não pretendo fazer uma defesa ou interpretação de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", mas sim fazer um breve relato.
Li o referido livro a primeira vez quando tinha aproximadamente 17 anos. As chaves de leitura eram outras. Primeiro porque livro para mim era diversão, agora virou trabalho. Segundo porque existia uma professora ditando os passos certos e errados, orientando a apreensão que os alunos teriam de cada um dos aspectos estilísticos ou formais, os significados, as ironias. Era tão mais simples e lógico.
Hoje em dia, em meio a correntes literárias, interpretações diversas e professores que te fazem duvidar de tudo e mais um pouco, inclusive deles mesmos, a opinião ou interpretação tem que ser única e exclusivamente minha. Obviamente que, sendo bem fundamentada, vai ser comprada por outros. E eu me faço a seguinte questão: o quando vou ter que usar do que já está feito, para conseguir uma inovação ou iluminar algo novo que um século ainda não viu? Nada mais clássico do que o conceito de Equilíbrio. Tomara que eu não sofra de labirintite tão cedo, senão não me mantenho de pé nessa corda bamba.
Passeando os olhinhos pela internet, achei o blog do Paulo Coelho no globo.com. Nada demais, já que até mago entra na era cibernética. O problema foi começar a ler os textos e identificar aquele tom "auto-ajuda" que domina e transborda e corrompe o ser humano. Sabe como é? Aquele jeito que o escritor dá para dizer que se o lápis caiu há uma razão transcendental e nós devemos refletir sobre as nossas ações constantemente, já que nesse engodo cósmico tudo o que vai volta; nós semeamos hoje o futuro. Esse tipo de coisa que todo mundo conhece e tem gente que ama. Pois bem, euzinha tenho pavor imenso de um dia sair desse lugar estéticamente auto-crítico que eu tento manter e cultivar e construir a duras penas. Cada um que ocupe o lugar que deseja, sem preconceitos. Ele, provavelmente, ganha mais dinheiro em um dia do que eu vou jamais vou ganhar a minha vida inteira.
Acontece que eu fiquei tentada a ler uns posts do mago-escritor e acabei me deparando com um problema: talvez eu tenha um olhar "auto-ajuda" para certas coisas. Grande revelação. E o pior foi perceber que talvez eu já tenha escrito algumas centenas de frases tão "auto-ajuda" quanto aqueles 3 posts. Inconscientemente, estava mais próxima daquilo que sempre critiquei do que daquilo que sempre acreditei ser. Resumo da ópera, vou passar a ser uber-crítica de Shakespeares e Clarices Lispector, só para ver se dessa vez chego mais perto de escrever bem.