Uma das minhas lembranças das aulas de jornalismo era a discussão sobre a violência e o discurso de que a classe média considerava a segurança um dos maiores problemas do país porque via seu quintal sendo invadido, não necessariamente porque entendia as razões sociais ou os direitos dos cidadãos brasileiros como um todo. Ou seja, partia-se da assepção individualista e burguesa de que aquilo que se possui deveria ser mantido a duras penas, porque o importante da sociedade capitalista é a manutenção da propriedade privada e não necessariamente a igualdade de direitos.
Pois bem, essa semana houve uma tentativa de assalto, a mão armada, na casa em frente à minha. Os assaltantes renderam a empregada e entraram na casa. Foram interrompidos pela chegada de uma viatura da guarda civil metropolitana, que passava na rua para averiguar a denúncia de que os moradores da rua podavam ilegalmente suas árvores. Ao perceber a presença dos policiais nas redondezas, os assaltantes acharam que eles estavam a sua procura e começaram a atirar. Um policial ficou ferido e os assaltantes fugiram.
Eu estava fora de casa quando recebi uma ligação da moça que trabalha em casa, relatando o ocorrido. Fiquei imaginando o quão stressante deve ter sido para ela ouvir todos os tiros e gritos, sem saber exatamente o que estava acontecendo na rua e temendo por sua vida. Quando cheguei em casa, tudo o que eu conseguia pensar era que tinha sido muita sorte eu estar fora e a casa da vizinha ter sido o alvo. É o terceiro caso de roubo ou furto de que tenho conhecimento nas útimas duas semanas, acontecido na minha rua.
Não que agora eu esteja achando que a segurança é o maior problema do Brasil e que devemos criar um ministério novo para tratar de questões de segurança. Mas que os últimos eventos nos fazem refletir sobre a violência real e a virtual, aquela que priva cidadãos dos seus direitos e mantém uma sociedade desigual, é fato.
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