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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Cineasta e os auto-retratos infantis

A TV 5, rede de televisão francesa, é uma das referências quando se fala de televisão pública estatal. Dessa vez, ela se superou.

Um cineasta, Gilles Porte, é o responsável pelo projeto Portraits - Autoportraits, uma filmagem de autoretratos feitos por crianças de 03 a 06 anos. Em filmes curtos, de pouco mais de um minuto, foi registrado todo o processo: cada um, individualmente, pega uma caneta preta e se desenha em um vidro, que depois ganha pequenos movimentos. A animação ficou por conta da École des Gobelins.

Para a realização dos vídeos, foram selecionadas 80 crianças, dos 5 continentes e de mais de 20 países. A intenção é festejar os 20 anos de ratificação da Convenção Internacional dos Direitos da Criança.  

 O interessante é notar a relação artística, de representação de si mesmo que cada uma das crianças constrói no vidro, sem intervenção externa. Desenhos elaborados, monstros, bolas, brincos, enfim, um punhado de coisas que fazem parte do nosso imaginário infantil se traduzem em autoretratos, naquela visão ingênua que cada criança (e adulto também), tem de si mesmo e nem sempre tem coragem de expôr.


Indicações à seguir:



Fonte: Bravo! Online - Blog do Armando

Endereço do Site do Projeto: Portraits - Autoportraits

O Nada

Hoje, eu me vi querendo falar algo que eu não sabia muito bem o que era. Assim, um ímpeto de sair escrevendo e ver no que vai dar. Por isso, o Nada. Será que o Nada se sustenta enquanto assunto? Com sua vastidão, vaguidez e completa inacessibilidade... Let's give it a shot!

Quem, hoje em dia, consegue ficar sem pensar em nada? Com as mil coisas a serem feitas, necessariamente, ou a necessidade de existirem coisas a serem feitas?

Quantas vezes a gente se vê falando: hoje eu tenho taaaanta coisa para fazer e na verdade chega meio-dia está tudo resolvido. Cabeleireiro, banco e análises linguísticas feitas, numa manhã só.

O melhor é quando você se vê surtando por algo que, em essência, nem é um problema. Ele vai ligar, não vai. Vai mandar mensagem ou não? Se eu ficar mandando ele vai me achar staulker. Mas é capaz que ele precise de um empurrãozinho... Nada disso leva a lugar nenhum, mas parece ocupar a cabeça com problemas mais mundanos do que análises linguísticas e resoluções de problemas sociais. É justo, mas sem neuroses. Se ele não aparecer e você não se mexer, no biggie.

Talvez o nada seja amedrontador, no sentido de que não representa mudança ou necessidade de ocupação de um espaço de tempo. Uma espécie de ócio imposto, ao qual não temos mais parâmetros para escolhermos atividades criativas. E vamos enchendo o tempo com coisas aleatórias, como americanos estufando perus para o thanksgiving.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Desvandando Paulo Freire

Paulo Freire talvez seja um desses nomes acadêmicos que povoam o imaginário brasileiro, mas as pessoas não necessariamente sabem o por quê. Resolvi ler, então, a biografia do professor de português, alfabetizador (ou letrador?), escrita por sua segunda esposa, Ana Maria Araújo Freire. 

À parte do tom de intimidade entre escritor e objeto de escrita, demonstrando a admiração deslavada entre os amantes, o livro parece um convite à desvendar a história de vida, a formação de um dos maiores educadores do país. O primeiro capítulo traz um breve histórico escolar de Paulo Freire como aluno. É interessante notar que algumas das dificuldades passadas por sua família acabam formatando o seu futuro, já que desde cedo Paulo mostra sua paixão pelos estudos e conhece a família Araújo, para quem passa a trabalhar como professor após o fim da escola.

No entanto, é no segundo capítulo que percebemos os embriões da pedagogia crítica, do desenho de uma teoria/metodologia de educação voltada para toda a família, não só o aluno, e seu viés de esquerda. A intenção das cartas de orientação pedagógica escritas para o Sesi era demonstrar o papel da escola de educar, questionar, engajar pais e familiares nas questões do ambiente escolar (como o que ensinar ou a distribuição de merendas) ou do ambiente familiar (como incentivar seu filho a estudar, como castigá-lo sem violência).  Foi após essas cartas, com forte orientação para desalienação social da classes populares, que Paulo Freire foi exilado, em meio à Ditadura Militar.

Talvez esse seja um dos fatos que ofuscou a importância do educador, já que com isso suas teorias e trabalhos acabaram sendo mais divulgados no exterior do que no seu próprio país. Aparentemente (e essa é uma observação impressionística), há um esforço recente de trazer a tona o legado acadêmico de Paulo Freire, uma tentativa de fazer juz ao seu trabalho e repensá-lo, a luz de novas teorias e de novos arranjos sociais no pós-ditadura.

Referências:

Freire, Ana Maria Araújo. 2006. Paulo Freire- Uma História de Vida. Indaiatuba, SP: Villa das Letras.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Existe uma revista chamada "Elas e os Lucros"

Estava fuchicando as publicações e revistas existentes na livraria Saraiva do Shopping Eldorado, quando eu vi uma revista (que tem tamanho mais de gibi do que revista mesmo, mas tudo bem...) chamada "Elas e os Lucros". Fiquei ligeiramente intrigada para tentar saber o que se passava naquelas páginas e fui ler com atenção as manchetes de capa (reproduzidas aqui da forma como eu lembro): "PGBL ou VGBL: qual o parceiro ideal para você?" , "Como conquistar um marido milionário".

A idéia de fazer uma revista para mulheres, donas de casa empreendedoras/investidoras faz sentido e pode sair muita coisa boa disso. Mas peralá! Jura que a capa tem que estampar que procurar marido rico é solução financeira? Isso já é demais. Indigno.

Bizarro, para continuar o raciocínio e não empacar, é tratar tipos de aplicação como marido ou parceiro ideal. Será que pra falar com mulher sobre qualquer coisa tem que se meter homem, relação, amor no meio? Afe!!

Aliás, desde quando nossas relações humanas viraram metáforas mercadológicas? Já pensou: Empresários Americanos têm seus corações partidos pela Queda da Bolsa de Nova York; França, irritada com o Brasil, pára de investir; Inglaterra, deprimida, retira investimentos feitos nos Tigres Asiáticos. Não ia dar, de verdade.

O que eu sei é que a capa da revista total desestimulou qualquer ímpeto de saber o que estava ali dentro.

ps: Depois de dar um google, à procura da foto da capa da revista para buscar as manchetes e reproduzí-las fidedignamente, encontrei o blog que deu origem à revista "Elas e os Lucros". Primeiramente, ele era hospedado no blogger, agora encontra-se no UOL. Além do blog e da revista, existe também um programa de rádio, diário. No mínimo, público para isso existe. Triste, mas c'est la vie! Espero que existam coisas melhores do que maridos ricos no horizonte...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desejos, ensejos, vontades

Final de ano todo mundo fica verborrágico e sai mandando recadinhos de feliz ano novo e votos de vida melhor no ano que chega. Faz parte do protocolo e da boa educação, além de ser uma boa oportunidade de mostrar às pessoas que te aturaram o ano inteiro o quanto você aprecia a amizade, o carinho, a presença. Pieguices gostosas...

Além desses discursos todos que são feitos, tem sempre aquele debate de você consigo mesmo para a construção dos sonhos, das esperanças, das vontades e dos desejos do ano que chega. No fundo, é uma espécie de estabelecimento de metas e de meios a atingí-las. São resoluções que te botam pra frente, por mais perdida que você esteja.

Ontem estava conversando com uma amiga que acabou de sair do emprego e não sabe ainda o que quer fazer em 2010. Talvez MBA, talvez mestrado. Ela até buscou um orientador de carreira, o que eu achei o máximo. Depois da conversa, eu fiquei imaginando o que seria o meu 2010 profissional: estudar 7 matérias de literatura na USP, 2 de mestrado, escrever a dissertação, defender. Quando estava achando que estava me livrando de 2009, do ano das decisões de carreira, do que fazer, do que ser, me lembrei que 2010 também vai ser um ano de fins de escolas e estudos e, portanto, 2011 vai ser também um ano de escolhas.

Então, cheguei à conclusão de que vai ser assim pra sempre. Talvez a estabilidade seja algo para um futuro tão longínquo que no momento não é possível enxergar. Enquanto isso, vamos vivendo nossos caos particulares, buscando traçar caminhos que nos sejam satisfatoriamente recompensadores, sempre mantendo a esportiva.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Caso do Chaveco Folgado

Semana passada, estava me despedindo de 2009 com uma amiga que ia viajar dia 29 de dezembro. Última baladinha paulistana do ano, a gente resolveu ir na D-Edge. Eletrônica na veia. O público estava bem diverso, mas tinha alguns personagens que se destacavam na multidão: o tiozinho descolorido (de sombrancelhas negras e cabelo loiro-branco), o casal japonês (que estava achando que estava em Tóquio), a loira tingida que nos lembrou a Geisy.

Dancinhas, vodkinhas, papo vai, papo vêm. O pessoal saiu pra fumar, a tarracha do meu brinco caiu...Os fumantes voltaram e a gente continuou bebendo e dançando. Encontrei uma amiga que fazia uns 6 anos que eu não via. Coisas triviais. Quando, de repente, me chega um moço de camiseta azul dizendo: O que tem nesse copo? Peloamordedeus!! Pior tentativa ever! Eu disse que era vodka com gelo. Ele queria saber a marca, eu respondi. Assim que ele soube que era Wiborowa, me pediu um gole. Ah vai! Folga master... Fiquei mal!! O cúmulo da falta de cavalheirismo e tato. Fechei a roda e, no fim da balada, eu vi ele aos beijos e abraços com alguém. Ri demais...
 
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