De vez em quando passeio pelos sites de jornais de outros estados, não só São Paulo, para dar uma olhada no que anda se passando no mundo. Com a Classe C em alta, resolvi dar uma olhada no site do Extra!. Ele é um jornal voltado para classes C e D do Rio de Janeiro, publicado pela editora Globo.
Me deparei com a seguinte notícia: Jornal Extra ganha Prêmio Internacional por Infografia. O infografista Ary Moraes e a repórter Clarissa Monteagudo receberam prêmio de Excelência Jornalística 2010 da Sociedade Interameicana de Imprensa (SIP), pela infografia de "Camdomblé", publicada em janeiro de 2009 na série Inimigos da Fé. No site acima a gente encontra a série de reportagens premiadas, muito interessantes para quem se interessa por diagramação e transmissão de informações. Mostrando diversas facetas do Camdombé e da Umbanda, há uma retrospectiva histórica e uma visão sobre preconceito que também vale a pena conferir.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Atraso de Vida e Catracas Contemporâneas
Quando eu entrei na USP, um dos temas de redação (não lembro se foi um dos que eu treinei ou se foi o da prova mesmo) tratava sobre as catracas da vida contemporânea. Elaborado de forma figurada, o texto da proposta fazia com que o aluno procurasse exemplos práticos e argumentasse seu ponto de vista sobre as burocracias que atrasavam as nossas vidas.
Eu passei no vestibular, começaram as aulas e, junto com elas, as greves e todos os protestos do movimento estudantil. Tanto na USP quando na PUC-SP, ambas faculdades nas quais eu estudava. À princípio era divertido e, como tudo era novidade, eu participei de alguns deles. Mais por curiosidade do que por acreditar em qualquer coisa que estava sendo defendida, é preciso confessar. Passou-se o primeiro ano, mais greves e movimentações sociais e, para falar a verdade, já não via muito sentido em tudo aquilo. Não pelas causas, que eu passei a respeitar, mas pelo resultado prático do mesmo: no fim das contas, as conquistas eram pequenas e os prejuízos sociais e pessoais muito maiores.
Esse ano já enfrentei uma greve de funcionários na USP, que teve impactos significativos na rotina dos estudantes. Agora, acabei de sair do telefone no Ministério do Trabalho e os funcionários responsáveis pelo Registro de Jornalistas, o Mtb, estão em greve desde abril. Duas greves que afetaram a minha rotina, meus planos de vida, minha carreira e a de muitos outros.
A greve é um direito do trabalhador e um importante instrumento de mobilização social, mas precisamos repensar a forma como elas estão configuradas. À partir do momento que se extendem por meses, corroendo os cofres públicos, causando transtornos na vida dos cidadãos, deveriam ser consideradas alternativas antes de se recorrer à greve. Uma delas poderia ser a paralização para manifestação ou o abaixo-assinado.
A impressão que se tem atualmente é de que a greve, e unicamente ela, é tida pelos trabalhadores como forma de defesa de suas causas. Em decorrência disso, perde-se apoio popular e uma causa digna acaba sendo defendida por setores sociais cada vez menores. Talvez a greve tenha perdido credibilidade e, por isso mesmo, seja uma das catracas que atrasam a vida das pessoas. Antes ela pudesse voltar a ser um instrumento democrático, ao invés de ser vista como um direito banalizado.
Eu passei no vestibular, começaram as aulas e, junto com elas, as greves e todos os protestos do movimento estudantil. Tanto na USP quando na PUC-SP, ambas faculdades nas quais eu estudava. À princípio era divertido e, como tudo era novidade, eu participei de alguns deles. Mais por curiosidade do que por acreditar em qualquer coisa que estava sendo defendida, é preciso confessar. Passou-se o primeiro ano, mais greves e movimentações sociais e, para falar a verdade, já não via muito sentido em tudo aquilo. Não pelas causas, que eu passei a respeitar, mas pelo resultado prático do mesmo: no fim das contas, as conquistas eram pequenas e os prejuízos sociais e pessoais muito maiores.
Esse ano já enfrentei uma greve de funcionários na USP, que teve impactos significativos na rotina dos estudantes. Agora, acabei de sair do telefone no Ministério do Trabalho e os funcionários responsáveis pelo Registro de Jornalistas, o Mtb, estão em greve desde abril. Duas greves que afetaram a minha rotina, meus planos de vida, minha carreira e a de muitos outros.
A greve é um direito do trabalhador e um importante instrumento de mobilização social, mas precisamos repensar a forma como elas estão configuradas. À partir do momento que se extendem por meses, corroendo os cofres públicos, causando transtornos na vida dos cidadãos, deveriam ser consideradas alternativas antes de se recorrer à greve. Uma delas poderia ser a paralização para manifestação ou o abaixo-assinado.
A impressão que se tem atualmente é de que a greve, e unicamente ela, é tida pelos trabalhadores como forma de defesa de suas causas. Em decorrência disso, perde-se apoio popular e uma causa digna acaba sendo defendida por setores sociais cada vez menores. Talvez a greve tenha perdido credibilidade e, por isso mesmo, seja uma das catracas que atrasam a vida das pessoas. Antes ela pudesse voltar a ser um instrumento democrático, ao invés de ser vista como um direito banalizado.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Garrafa em Alto Mar
Podia jurar que uma mensagem tinha chegado. Não era suficiente ver a escassez de coisas a serem ditas, a correnteza puxando o tempo, as pedras desviando a água de caminho.
Precisava era pensar grande e sustentar uma campanha pró-passado, pró-alguma coisa. O amanhã seria uma revolução. Precisava, mesmo, era ter entre os dedos uma mão caleijada. E de tinta para fazer cartazes e de megafones para cooptar comparsas. Um arrastão na Rebouças para chacoalhar os alienados. Yes, we can! We need change!
Precisava acreditar que as coisas seriam melhores, sempre e tudo seria um daqueles happy endings cafonas. Parar de chorar em filmes piegas seria um passo extraordinário. Seria um manifesto contra todas as coisas "softs" e lindamente construídas para reforçar o sonho princesco. Reconstruir-se como a megera cuja carreira anda muito bem, obrigado, mas a vida pessoal anda em frangalhos e, francamente, o último fato não importaria tanto tendo dinheiro na mão. Uma recompensa falida, veja só a contradição.
A quem ela enganava? Ela só precisava da mensagem.
Precisava era pensar grande e sustentar uma campanha pró-passado, pró-alguma coisa. O amanhã seria uma revolução. Precisava, mesmo, era ter entre os dedos uma mão caleijada. E de tinta para fazer cartazes e de megafones para cooptar comparsas. Um arrastão na Rebouças para chacoalhar os alienados. Yes, we can! We need change!
Precisava acreditar que as coisas seriam melhores, sempre e tudo seria um daqueles happy endings cafonas. Parar de chorar em filmes piegas seria um passo extraordinário. Seria um manifesto contra todas as coisas "softs" e lindamente construídas para reforçar o sonho princesco. Reconstruir-se como a megera cuja carreira anda muito bem, obrigado, mas a vida pessoal anda em frangalhos e, francamente, o último fato não importaria tanto tendo dinheiro na mão. Uma recompensa falida, veja só a contradição.
A quem ela enganava? Ela só precisava da mensagem.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Uma visão assustadoramente próxima do real
Estava parada no farol da rua Cerro Corá quando tive uma daquelas experiências bizarras em que a cabeça ultrapassa o limite da racionalidade e nos mostra uma espécie de revelação. Um Déjà vu que se anuncia como tal, prenunciando um futuro próximo. Foi uma imagem/vivência assustadoramente próxima do real, sai zica!
Resumindo, acho que vou quebrar a perna um dia desses. Um dia desses vou estar andando por uma rua de nome desconhecido, uma dessas descidas de Perdizes cheia de degraus na calçada e torcer o pé direito. Vai doer e eu vou estar sozinha. O resto não sei mais, não vi nenhum princípe encantado me carregando até o café mais próximo ou ligando para um rádio taxi. Não me vi como a heroína-mártir que tira a chave da bolsa e dirige até o pronto socorro mais próximo, enfrentando a dor pelo bem maior.
Só sei que o farol abriu, as buzinas soaram no mais alto volume e tive que dirigir.
Resumindo, acho que vou quebrar a perna um dia desses. Um dia desses vou estar andando por uma rua de nome desconhecido, uma dessas descidas de Perdizes cheia de degraus na calçada e torcer o pé direito. Vai doer e eu vou estar sozinha. O resto não sei mais, não vi nenhum princípe encantado me carregando até o café mais próximo ou ligando para um rádio taxi. Não me vi como a heroína-mártir que tira a chave da bolsa e dirige até o pronto socorro mais próximo, enfrentando a dor pelo bem maior.
Só sei que o farol abriu, as buzinas soaram no mais alto volume e tive que dirigir.
terça-feira, 13 de julho de 2010
O tempo passa, a História permanece
"O Sol é para todos" ou "To kill a mockinbird" , de Harper Lee, fez 50 anos de publicação na semana passada. Assistente de Truman Capote, a escritora conquistou o sucesso com seu primeiro e único romance, ganhador do Prêmio Pulitzer em 1961, e publicou apenas textos esparsos depois disso.
O sucesso em sí talvez derive do retrato direto, sêco e sincero da sociedade interiorana, de seus preconceitos e conservadorismos. O leitor acompanha três anos da vida dos dois personagens principais, Jem e Scout Fincher, enquanto lidam com questões pessoais, como a passagem da infância para a adolescência, e sociais, já que Atticus Fincher, seu pai, decide defender um negro da acusação de ter estuprado uma mulher branca.
A ingenuidade e a maturidade forçada, seja pela simples passagem do tempo, seja pelos acontecimentos diversos que povoam o cotidiano dessa pequena cidadezinha, fazem das crianças observadores e protagonistas de uma história universal. Talvez os preconceitos não sejam mais os mesmos, mas o enfrentamento da realidade com o que se espera de uma sociedade pode ser uma das características mais marcantes da vida. Talvez o entendimento das histórias de vida de cada um dos protagonistas das nossas vidas precise ser curtido durante um longo espaço de tempo, para que se transforme em um produto harmônico, aceito e superado.
Seguindo uma linha de raciocínio parecida, alguns dizem que o livro tem fortes traços autobiográficos e teria sido escrito para expurgar as dores, traumas e provocar uma espécie de catarse na própria escritora. Duramente questionada pelos familiares depois da publicacão, Harper Lee agora vive reclusa em Monroeville, evitando entrevistas e quaisquer perguntas sobre seu livro e sua vida pessoal.
Embora possam existir indícios para que esse raciocínio seja levado a sério, não é função da crítica ultrapassar os limites do bom senso e chafurdar-se na vida alheia para compovar a relação entre vida e obra. Afinal, essa possibilidade é apenas uma interpretação que apenas empobreceria a leitura do livro, fazendo dele uma autobiografia e depojando-o de sua inclinação universalizante. A meu ver, não importa a verdadeira motivação do livro, mas as múltiplas leituras e releituras que cada um pode fazer, cada vez mais profundas com o passar do tempo e a maturidade do leitor.
O sucesso em sí talvez derive do retrato direto, sêco e sincero da sociedade interiorana, de seus preconceitos e conservadorismos. O leitor acompanha três anos da vida dos dois personagens principais, Jem e Scout Fincher, enquanto lidam com questões pessoais, como a passagem da infância para a adolescência, e sociais, já que Atticus Fincher, seu pai, decide defender um negro da acusação de ter estuprado uma mulher branca.
A ingenuidade e a maturidade forçada, seja pela simples passagem do tempo, seja pelos acontecimentos diversos que povoam o cotidiano dessa pequena cidadezinha, fazem das crianças observadores e protagonistas de uma história universal. Talvez os preconceitos não sejam mais os mesmos, mas o enfrentamento da realidade com o que se espera de uma sociedade pode ser uma das características mais marcantes da vida. Talvez o entendimento das histórias de vida de cada um dos protagonistas das nossas vidas precise ser curtido durante um longo espaço de tempo, para que se transforme em um produto harmônico, aceito e superado.
Seguindo uma linha de raciocínio parecida, alguns dizem que o livro tem fortes traços autobiográficos e teria sido escrito para expurgar as dores, traumas e provocar uma espécie de catarse na própria escritora. Duramente questionada pelos familiares depois da publicacão, Harper Lee agora vive reclusa em Monroeville, evitando entrevistas e quaisquer perguntas sobre seu livro e sua vida pessoal.
Embora possam existir indícios para que esse raciocínio seja levado a sério, não é função da crítica ultrapassar os limites do bom senso e chafurdar-se na vida alheia para compovar a relação entre vida e obra. Afinal, essa possibilidade é apenas uma interpretação que apenas empobreceria a leitura do livro, fazendo dele uma autobiografia e depojando-o de sua inclinação universalizante. A meu ver, não importa a verdadeira motivação do livro, mas as múltiplas leituras e releituras que cada um pode fazer, cada vez mais profundas com o passar do tempo e a maturidade do leitor.
Vulnerabilidades Caninas
Quando nasceram os filhotes da minha cadela, mais ou menos um mês atrás, eles pareciam pequenos famintos. Não largavam a mãe por nada, viviam pendurados uns nos outros, sempre buscando a teta mais cheia de leite. Era divertido, mas nada é mais gostoso do que ver que eles cresceram e agora buscam aventuras no jardim. Saem correndo por aí explorando o gramado, brincando uns com os outros, comendo ração.
Outro dia, um deles estava gripado. Os espirros eram os mais fofos do mundo, porque incluíam a meneada de cabeça que todo mundo faz. De acordo com a veterinária, além do tempo sêco, ele precisaria ganhar um pouco de peso e tomar mais leite da mãe do que os outros. Era um problema no sistema imunológico. Além disso, ele deveria tomar gotas de Cebion ou Redoxon para se fortalecer e dormir dentro da casinha junto com todos os filhotes.
Fiquei supresa por cachorrinhos terem as mesmas vulnerabilidades humanas em mesmas condições climáticas. Minha irmã e meu pai estavam igualmente gripados, tomando vitamina C e espirrando cidade afora.
Outro dia, um deles estava gripado. Os espirros eram os mais fofos do mundo, porque incluíam a meneada de cabeça que todo mundo faz. De acordo com a veterinária, além do tempo sêco, ele precisaria ganhar um pouco de peso e tomar mais leite da mãe do que os outros. Era um problema no sistema imunológico. Além disso, ele deveria tomar gotas de Cebion ou Redoxon para se fortalecer e dormir dentro da casinha junto com todos os filhotes.
Fiquei supresa por cachorrinhos terem as mesmas vulnerabilidades humanas em mesmas condições climáticas. Minha irmã e meu pai estavam igualmente gripados, tomando vitamina C e espirrando cidade afora.
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