Podia jurar que uma mensagem tinha chegado. Não era suficiente ver a escassez de coisas a serem ditas, a correnteza puxando o tempo, as pedras desviando a água de caminho.
Precisava era pensar grande e sustentar uma campanha pró-passado, pró-alguma coisa. O amanhã seria uma revolução. Precisava, mesmo, era ter entre os dedos uma mão caleijada. E de tinta para fazer cartazes e de megafones para cooptar comparsas. Um arrastão na Rebouças para chacoalhar os alienados. Yes, we can! We need change!
Precisava acreditar que as coisas seriam melhores, sempre e tudo seria um daqueles happy endings cafonas. Parar de chorar em filmes piegas seria um passo extraordinário. Seria um manifesto contra todas as coisas "softs" e lindamente construídas para reforçar o sonho princesco. Reconstruir-se como a megera cuja carreira anda muito bem, obrigado, mas a vida pessoal anda em frangalhos e, francamente, o último fato não importaria tanto tendo dinheiro na mão. Uma recompensa falida, veja só a contradição.
A quem ela enganava? Ela só precisava da mensagem.
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