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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Não posso mais nem olhar!

Peguei nojinho. Não consigo vislumbrar mais o que distingue o texto de mim. As alterações foram tantas que não me posiciono como um leitor objetivo, mas sim como alguém subjetivamente imbricado no texto. Mexer mais um pouco implica em fazer uma plástica, colocar silicone, botox e fazer preenchimento de rugas. 

Se algum dia ele quiser me representar, vai precisar estar bem vestido. Chique, simples e delicado. Bem construído, milimetricamente arquitetado, repleto de requintes de bom gosto que  prezam pela acuidade da informação, não tanto pela estética. São usos funcionais da linguagem, voltados para construção precisa do gênero. Não é fazer uma enumeração caótica de referências que só fazem com que eu ganhe respeito dos deslumbrados, mas perca qualidade frente os críticos.Muito pelo contrário, o objetivo é impactar pela concisão. 

O texto ficou duas semanas na gaveta, como quem vive no submundo para poder respirar. Enquanto isso, distraí a todos com um olhar de cansaço pedante, uma cara estóica de heroísmo intelectual. Quem acreditou na palhaçada, mal sabia que sem o texto eu virara bobo da corte.

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