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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Urgências

Promessas foram feitas na noite de 21 de janeiro de 1997. Eu não me lembro exatamente quais, mas aparentemente tenho algo a cumprir, e a incerteza só me corrói. Talvez eu tenha prometido ao meu marido cozinhar todas as noites, mas isso é impossível. Chego em casa sem fôlego, buscando ar e descanso. Nem jornal eu gosto de assistir, porque me faz pensar nas porcarias que acontecem pelo mundo: terremotos, escândalos de corrupção, fome, desastre, violência, morte, política, morte. E ainda tem aquele moço que acha que é arauto do caos, vestido de terno preto, clamando contra a desordem e a favor de uma ordem que eu nunca vi existir em sociedade nenhuma, na história da humanidade. 

Posso ter prometido ir atrás de algum sonho que se perdeu no tempo, entre uma mensagem de texto e um tweet. Quem sabe quem eu era 13 anos atrás? O que eu queria ou deixava de querer. Nem me lembro mais. Aconteceu o que aconteceu e hoje estou aqui, na vida pequena, nos detalhes do cotidiano, presa a determinação do que seriam as escolhas lexicais infelizes e correções de postura. 

Um cachorro, eu queria um cachorro. Prometi tomar conta dele como se ele fosse gente, mas ele teve câncer ano passado e tivemos que sacrificar o bichinho. Mas essa não era a promessa principal, acho que era parte dela. Eu preciso saber qual era a promessa, para ter certeza de que ela foi cumprida e que tudo está dando errado não porque eu fui negligente, mas porque assim estava predestinado, fadado a ser.

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