Outro dia, depois de ter mandado o que me pareceu serem 500 currículos, fui finalmente chamada para uma entrevista de emprego. Era de uma agência de tradução, a qual eu me dignei a ir pensando que essa seria uma ocupação secundária até que eu terminasse o mestrado. Ou seja, uma possível fonte complementar de renda.
A entrevista foi normal, com o entrevistador e trabalhador da empresa exultando as dificuldades e peculiaridades da profissão, defendendo a importância do que ele faz. 15 minutos de falas exasperadas depois e eu me dei conta que estava me colocando numa furada. Mais 15 minutos e eu percebi que estava naquela minha posição corporal relaxada e até mesmo arrogante, de quem já se deu conta de que não quer fazer nada do que o trabalho propõe. Péssimo, preciso me controlar melhor nessas horas. Demorou 2 horas ao total e eu saí de lá levemente envergonhada pela minha atitude relapsa, mas completamente aliviada por ter acabado.
Enquanto andava até o carro, progressivamente fui me conscientizando de que muitas entrevistas ainda viriam e que eu poderia sofrer do mesmo mal em cada uma delas. Provavelmente, não acharia o emprego dos sonhos logo no começo, teria que ouvir todos os sermões possíveis sobre o trabalho a ser desempenhado. Eu teria, quem sabe, que trabalhar com coisas antes inimagináveis só para ver se eu gostava. Seria obrigada a fazer tantas coisas que, no futuro, eu ia acordar uma velha caquética que ainda se arrepende de ter passado por certas coisas e feitos certas escolhas. Foi uma grande revelação, para um quarteirão de caminhada.
Cabisbaixa, um pouco decepcionada por não ter arranjado a solução para os meus problemas e ainda ter descoberto a verdade sobre o mercado de trabalho, comecei a revirar a bolsa para tentar encontrar a chave do carro. Quando levantei a cabeça (ninguém merece!), um papeletinho amarelo tremia no meu parabrisa.
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