O lançamento do documentário "José e Pilar", no último dia 16, coincidiu com a minha leitura de Jangada de Pedra, um romance de José Saramago publicado em 1986.
Confesso que ainda não assisti ao documentário, por isso vou delinear apenas as linhas gerais. Projeto realizado pela O2 produtora, o filme retrata o cotidiano e a intimidade do escritor José Saramago e sua esposa, Pilar del Rio. O diretor é o português Miguel Gonçalvez Mendes e sua intenção é retratar o amor de José e Pilar, como sugere o título, partindo da criação do romance "A viagem do Elefante", de 2008, até o seu lançamento no Brasil. Foram três anos de filmagem. Super vontade de assistir!
Voltando ao romance Jangada de Pedra, o motivo principal deste texto... A história em si tem alguns dos aspectos tradicionais de Saramago, como em Ensaio sobre a Cegueira ou Ensaio sobre a Lucidez. Uma situação incomum, de raízes fantásticas, causa uma reorganização social. O foco da narrativa é o processo, a transformação, representada pelas ações de um grupo de personagens e pela intrusão de um narrador onisciente, onipresente, digressivo. A história do livro em questão é a separação da Peníncula Ibérica do resto da Europa e sua movimentação ao longo do oceano.
A nova ilha acaba por descer e aportar no oceano Atlântico, entre África e América do Sul. Fica indicada a posição política do escritor, mostrando as aproximações culturais e sociais entre países colonizadores e suas ex-colônias. A proximidade deveria ser valorizada, na perspectiva de Saramago, em oposição à tão celebrada participação de Portugal na Comunidade Econômica Européia, acontecida na década de 80. Ao invés de perseguir um paradigma destoante, o livro defende essa aproximação com África e América do Sul como uma forma de transformação social e perpetuação da espécie.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário