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sábado, 28 de novembro de 2009

Quem lê um conto, sente um ponto!

Acabei de ler um conto do Rubem Fonseca chamado "O Cobrador", publicado em um livro homônimo. Foi rasgante, de virar o estômago, com um pouco de humor negro. Falava um pouco sobre injustiças e ódio, de forma bem violenta, mostrando o resultado prático da desigualdade, falta de acesso à condições mínimas de vida, da perda da dignidade.

A personagem principal é um homem que traz a tona diferentes situações de violência motivadas pelo ódio e pela intolerância. Quem acendesse o estopim, ou o provocasse simplesmente por existir, recebia um grande furo na testa, no coração, uma facada na jugular. Às vezes era uma buzinada fora de hora, um vestido de alta costura. No fundo, ele só estava cobrando da sociedade a sua dívida: de sexo, de dinheiro, de educação, de saúde, de posses. Mas havia um senso de justiça e solidariedade nessa personagem, que dava vacinas em um senhora e não matava a mulher porque ela estava mais fudida que ela.

Esse tipo de coisa revira o estômago porque mostra uma realidade e uma lógica interna satisfatórias. Faz sentido, do ponto de vista prático, todo esse ódio. Mas, do ponto de vista emocional, o que está colocado é a urgência por uma construção comunitária da generosidade, solidariedade e do amor, ao invés da manutenção da lógica egocêntrica-capitalista.

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