Congresso mal organizado é um convite para o turismo e para as compras em qualquer cidade do mundo, mas depois de 4 dias em Mar del Plata estou me questionando sobre a existência do turismo na cidade. A impressão que se têm é de que a economia local está baseada principalmente no turismo de alta temporada, no verão. Entrando em novembro, no começo da estação, as tendas já estão montadas nas praias, o sol já aparece (apesar do vento que dá uma sensação térmica muito mais fria do que nós brasileiros estamos acostumados a ver em uma praia), mas é interessante ver como tudo está ainda meio vazio, em um clima de espreita pelo que está por vir.
As praias são todas parecidas, com costões de pedra e bancos de areia. A cor da água não salta aos olhos. As tendas são espaços bizarros, como um loteamento do espaço público que deveria ser de todos. Paga-se para reservar uma tenda para a família, por semana, e nela constam cadeiras e um telefone, com ligação direta para o bar mais próximo. Estamos ali para ser servidos, desde que possamos arcar com as despesas decorrentes da opção pelo conforto. E a segregação econômica é algo escancarado.
Ao lado do centro comercial, ocupando um pedaço que deveria ser praia, está o Cassino de propriedade governamental (não entendi se era do estadual ou federal). Um lugar enorme e decadente, onde eu me deparei com senhores e senhoras de meia idade, mangas arregaçadas e casacos de moletom, distribuindo fichas e dando dinheiro à rodo para o próprio estado. Apesar das placas de “Cuidado, jogar pode fazer mal à saúde e causar dependência”, as pessoas continuavam ali. Achei indigno um governo manter algo que, por mais rentável ou prazeroso que seja, está incentivando seus cidadãos a serem jogadores profissionais.
O centro comercial têm um ar de 25 de março. Lojas seguidas de lojas, quinquilharias, souvenires, roupas de qualidade duvidosa. Daqueles lugares em que a disposição para encontrar coisas a serem compradas está diretamente relacionada à paciência e à disponibilidade de tempo e pés. Anda-se muito para achar algo que valha a pena.
De acordo com informações locais, os hotéis são incentivados a darem descontos especiais para congressistas, devido ao grande número de congressos na cidade. É uma forma de manter sempre uma movimentação turística na cidade, embora as duas únicas atrações sejam o porto dos leões marinhos e o Cassino. O porto é um espaço mal cheiroso e isolado, impossível passar muito tempo ali.
Dizem as más línguas que no Verão esse espaço se enche de gente jovem e bonita procurando entretenimento, diversão e ondas. Não vou estar aqui para ver, mas gostaria de tirar essa impressão de decadência e cafonice que essa cidade me passa...
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