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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Esbanjando Amor e Gentileza ou o Encanto com o Vivido

Outro dia estive com um publicitário que tinha uma proposta de trabalho a fazer, mas queria discutir detalhes ao vivo. Era algo relacionado a alguma forma de trabalho jornalístico, no qual a viagem pelo nosso país seria um percurso de crescimento pessoal, experimentações e o produto dessas vivências compartilhadas seria uma revista, um guia turístico, um zine com cara de Brasil, de jovens, de mochileiros, aventureiros. Tudo é muito tentador, mas também extremamente discursivo. Por isso, em um primeiro momento, não consegui me posicionar radicalmente contra, mas agora, pensando melhor...

Eu não lido bem com falta de parâmetros ou paradigmas. Para tudo existe uma espécie de planejamento, um projeto, financiamento, estrutura. Nada precisa sair da forma como foi planejado, mas sonhar é tão importante e cogitar o que se quer e o que se propõe a fazer é essencial. Não existia nada disso, e era aí que estava a beleza do projeto, para ele.  Ser altamente livre era a intenção: na experiência, na elaboração do produto, abraçar o acaso e o destino e seguir em frente. Fiquei pensando se alguém consegue ser assim, de verdade, tão desprendido e se, no fim, essa pretensa liberdade toda não era uma limitação também, da mesma forma como ele colocava que as disposições e pré-requisitos da vida social eram imposições limitantes para o ser. Muito filosófico.

Mas ele começou a contar as experiências pessoais e tudo se encaixou um pouco mais: ele queria era reviver algo especial já vivido, compartilhar com alguém essas novidades todas que se descobre quando se têm contato com a realidade, a multiplicidade de discursos, as pessoas que cruzam sua vida e te fazem gentilezas sem pensar muito na necessidade de troca. Ele queria sair daqui para encontrar a vida no cotidiano das pessoas, na vida dos outros. Mas, mal sabe ele, que não é preciso sair explorando Brasil afora para viver tudo isso. Basta fazer as unhas, fechar um bar, fazer amizade com o garçom ou com pessoas que trabalham com você ou para você. Sair perguntando, questionando, conversando. Taxista sempre tem história boa, alguns até já tem blog e livros publicados. E, bom, ele também não precisa de companhia para realizar tudo o que quer. Muito menos de uma comunicóloga implicante e bocuda, que não tem perfil de quem saí por aí querendo beber a vida e descobrir mistérios e verdades. Para mim, isso tudo está na arte: no cinema, nas telas, nos livros e nas fotografias.  

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